Morre associado mais longevo do Sinpol
O carcereiro Élio Ferreira da Silva tinha 104 anos e uma carreira elogiável
É com pesar que a diretoria do Sinpol comunica o falecimento de seu associado mais longevo, o carcereiro aposentado Élio Ferreira da Silva. Ele faleceu nesta sexta-feira (15), aos 104 anos de idade. Ele foi sepultado no sábado, 16 de julho, no Cemitério da Saudade, em Ribeirão Preto.
Élio nasceu em Pedregulho-SP no dia 18 de fevereiro de 1918. Morreu lúcido, dinâmico e com ótima memória. Com muito vigor e alegria, escreveu sua história. Mesmo depois de completar 100 anos, ele participou ativamente da vida sindical. Associado deste os tempos da Apocirp (Associação dos Policiais Civis da Região de Ribeirão Preto), embrião do atual Sindicato dos Policiais Civis.
Sempre se orgulhou em dizer que foi carcereiro “concursado e cursado”. “Eu prestei concurso para carcereiro numa época em que carcereiros eram funcionários de confiança. Eu acumulava os cargos de papiloscopista, perito e carcereiro. Mas até como escrivão eu atuava. Se precisasse, como fiz muitas vezes, tocava a delegacia para o delegado”, disse em uma entrevista na ocasião da festa de seu centenário de vida.
Naqueles tempos tão difíceis quanto os atuais, a pessoa indicada para a carceragem deveria participar de um Curso de Carcereiro. Esse curso daria o “Certificado de Conclusão do Curso de Carcereiro”. Élio Ferreira da Silva foi um dos melhores colocados no concurso, aprovado com média de 7,08. “Disputei com delegados e várias pessoas com nível universitário. Essas pessoas achavam o concurso o mais difícil da época”, disse o carcereiro, que guardou orgulhosamente o diploma do curso que concluiu com louvor.
Antes de optar pela profissão de carcereiro, atuou muito tempo como escriturário da Secretaria da Fazenda. Também trabalhou por 20 anos na Prefeitura de Pedregulho, como porteiro e também atuando em diversos setores. Como carcereiro, atuou entre 1960 e 1968, quando se aposentou.
Aprovado como carcereiro cursado e concursado, Élio foi trabalhar em Pedregulho. Na cidade, acumulava os cargos de papiloscopista, perito, escrivão e carcereiro. “Tínhamos poucos policiais. Quem trabalhasse em delegacias de pequeno porte, como a de Pedregulho, tinha que trabalhar em diversos setores da investigação”, comentou Élio, à época de seu aniversário de 100 anos. Foi um dos momentos em que Pedregulho menos sofreu com a fuga de presos, segundo ele. Na época em que Élio esteve à frente da carceragem da cadeia de Pedregulho, não foi registrada nenhuma fuga.
Respeito
Sobre a carreira, Élio defendia que o carcereiro deveria ser psicólogo. “O fato de estar em contato direto com criminosos exige muito pulso do profissional. Sempre tratei os presos com respeito, afinal também são seres humanos e não foi porque tiveram um desvio de conduta em determinado momento de sua vida que devam ser tratados como animais. Talvez seja por isso que também era muito respeitado na época”, relatava.
Com os presos também não tinha problemas. Ele explicava que, por cinco anos, era o único carcereiro na cidade. Quando terminava o expediente, às 18h00, deixava as chaves com o Cabo da Polícia Militar que mantinha sentinela no local. Morava próximo e, se houvesse qualquer necessidade, a qualquer hora, o delegado o mandaria chamar. Para humanizar o local, formou horta e jardim, atividades que fazia por gosto. Trabalhava sério e possibilitava aos presos voltarem ao convívio social. “Muitas vezes saia de Pedregulho em minhas horas de folga, vinha até Ribeirão Preto, falava com os familiares dos presos e levava notícias para eles. Isso ajudou muita gente”, orgulhava-se.
A diretoria do Sinpol manifesta seus sentimentos aos familiares e amigos do inesquecível Élio Ferreira da Silva, o associado mais longevo da história do Sinpol.
Sinpol – Comunicação Social